Prefácio do livro Fontes variáveis, de Maíra Woloszyn

Eduardo Cazon, Março de 2025

O universo eletrônico, feito de bits, algoritmos e pixels, está presente todos os dias na vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo. A partir da popularização dos computadores pessoais na virada do milênio, seguida da massificação pelos smartphones e, mais recentemente, pelo isolamento social na pandemia da COVID-19, o mundo aderiu a novos hábitos digitais que mudaram a forma como interagimos com a informação. Seja para entretenimento, jogos eletrônicos, videoconferências, aulas ou trabalho, as mídias digitais já são uma companhia que muitos de nós não temos como evitar. A informação, que antes era impressa e estática, passou a ser exibida digitalmente, tornando-se dinâmica e parte de complexos sistemas de visualização em tela, sempre com fontes digitais.

Designers que desejam estar atualizados nos dias de hoje devem atualizar continuamente seus processos de trabalho em relação às tecnologias atuais. As ferramentas digitais, como PCs, softwares de composição de texto e tratamento de imagens, transformaram tanto a sua forma de trabalho quanto os produtos que passaram a produzir. É preciso então estudar e dominar a produção de tipografia digital, para que essa ferramenta não seja incompreensível e nos faça de reféns, mas, sim, para que as fontes digitais sejam utilizadas em toda sua plenitude para potencializar a comunicação e a expressão humana.

Apresentadas na conferência da Association Typographique Internationale (ATypI) em 2016, as fontes variáveis consistem em uma tecnologia na qual uma fonte apresenta diferentes alternativas visuais para o texto em um único arquivo, economizando espaço digital e aproveitando algumas características únicas do meio eletrônico, como a interatividade e a atualização instantânea das telas. As possibilidades de variações podem ser diferentes larguras de caracteres, pesos, inclinações ou outras estilísticas. Com um deslizar de botões, as letras se expandem ou se comprimem, engrossam ou afinam, realizando uma dança de formas visuais inimaginável para os tipógrafos que usavam tipos móveis fundidos em metal nos séculos passados.

Uma fonte variável pode ser adaptada – ou até mesmo se ajustar automaticamente – a diferentes formatos e tamanhos de telas, luminosidade do ambiente, distância entre leitor e suporte, densidade de informações, nitidez da tela, orientação do dispositivo ou problemas de visão do usuário. Listando apenas algumas das inúmeras possibilidades que ainda vamos descobrir para essa tecnologia, pois, só o tempo dirá quantas novas funções adicionarão ao poder comunicacional da tipografia. Em resumo, é a possibilidade de o texto ter uma aparência cambiante.

A tipografia variável é uma evolução tecnológica que veio para proporcionar maior flexibilidade aos designers, desenvolvedores e usuários. Sendo a primeira tecnologia tipográfica a lidar com questões como interatividade, contexto e experiência de uso, dispositivos de acesso e outras características das mídias digitais, tudo de uma vez só. Se isso parece difícil de acompanhar, não se preocupe, este livro lhe ajudará a compreender os movimentos da tipografia digital nos dias de hoje.

Construindo uma base teórica sucinta sobre as fontes variáveis e sua importância para o estudo de tipografia, a autora nos oferece um modelo de desenho de fontes para os meios digitais. Através de uma extensa revisão sobre essa nova tecnologia e entrevistas com especialistas, identificou etapas e componentes do processo de produção de fontes variáveis. Conhecimentos amplos e específicos que agora estão organizados em um framework de fácil compreensão, extremamente adaptável, que conta com orientações que direcionam a execução do processo de desenho de fontes variáveis.

Este livro é uma leitura indispensável para o estudo, uso e produção de tipografia atualmente, pois sintetiza o processo de criação de fontes variáveis, um produto de alta complexidade e muito útil em uma sociedade cada vez mais dependente de telas.

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